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Criminalização da onlinegamblingsitesrealmoney -Luta Guarani- Entre Muros e Cercas

Os nomes dos autores deste texto são fictícios por questões de segurança.

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O manancial brilhante. Assim podemos traduzir Yvu Verá,çãonlinegamblingsitesrealmoney - nome da retomada de território ancestral Guarani Kaiowá lindeiro à Reserva Indígena de Dourados (RID), Mato Grosso do Sul, onde 10 indígenas foram arbitrariamente presos no dia 8 de abril. Neste dia, a Polícia Militar (PM) tentou realizar despejo ilegal frente a ação coletiva de famílias Guarani, Kaiowá e Terena, que expandiram a retomada.

Este acontecimento decorre da combinação entre o avançar do agronegócio e a invasão da especulação imobiliária, na forma de um condomínio de luxo que iniciou suas obras com o levantamento de novos muros. A retomada, entretanto, existe desde 2016 e reivindica território tradicional em processo de identificação. No dia 28 de abril a prisão preventiva dos nove indígenas Guarani, Kaiowá e Terena que estavam presos foi revogada graças a ampla mobilização indígena aliada a movimentos sociais, ao Conselho Indigenista Missionário e à atuação da Defensoria Pública da União.

A decisão realça a dimensão da arbitrariedade das prisões, e em um processo que escancara sobretudo o contexto histórico de criminalização da luta indígena no Mato Grosso do Sul pela recuperação de seus territórios ancestrais.

Entre muros e cercas, como veremos, é o que caracteriza a ampla região de recuperações territoriais Guarani Kaiowá nas margens da RID. Ademais, afora o cerco, as grades também se impõem como realidade: o MS é o estado com maior concentração de indígenas presos no Brasil, fato associado à crescente que caracteriza a sistemática violência policial e seus estreitos vínculos com as monoculturas e condomínios de luxo. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (2023), "das 1.038 pessoas indígenas presas em 2021 no país, 403 estavam em presídios sul-mato-grossenses" (disponível aqui).

Estado de sítio na necrópole do agro

"Eu tô aqui não é de agora. Eu nasci em 1945, dia 25 de dezembro. Eu sei tudo aqui dessas redondezas. Aqui a aldeia era muito grande. Agora, a gente fica apertado de tanto os brancos nos apertarem. E cada vez mais vamos ficar mais apertados, a não ser que a gente consiga se unir e fazer retomada. A gente precisa fazer retomada, porque a gente não sabe mais onde vamos morar. A gente não sabe mais pra onde a gente vai" , afirma um ancião Kaiowá de 77 anos, em análise que comporta os efeitos históricos de mais de 106 anos de RID.

Ele afirma, além disso, o fato de que "ali tinha cedro, tinha macaco, tinha cutia. Hoje não passa uma arara perto de nós". Estas palavras nos foram partilhadas durante visita à nova retomada de Yvu Verá, poucos dias após as prisões resultantes da criminalização do movimento indígena de recuperação de suas terras ancestrais. O ancião foi um dos presos no fatídico 8 de abril, fato que demonstra de antemão a ação truculenta e ilegal da Polícia Militar contra a retomada.

As árvores e animais que figuram na memória do ancião contrastam com sua visão do mundo de hoje e, em específico, do entorno da RID onde seus antepassados também circulavam, nos caminhos que conectavam a grande ka&39;aguyrusu — literalmente, mata grande —, macro-território correspondente a grande parte do território tradicional Kaiowá e Guarani, abrangendo Dourados e outras cidades próximas.

Hoje, a reserva se encontra espremida pela soja e por vultosos condomínios de luxo, com exíguo espaço para reprodução da vida, da roça, dos modos de ser - fato que historicamente motiva a ação das retomadas. As reservas, "cortadas de todos os lados por postes e arames" (MORAIS, 2017, p. 117), são um cerco análogo às grades da prisão.

Antes de chegarmos neste conjunto de acontecimentos recentes, entretanto, é preciso também recorrer ao passado recente do tekoha(termo para terra ancestral para os Guarani e os Kaiowá) Yvu Verá. O decurso dos ataques perpetrados pelas redes de agentes estatais/empresariais/privados - policiais, secretários, juízes, fazendeiros, incorporadoras, empresas do agronegócio, ruralistas, advogados - contra os Guarani Kaiowá do território em pauta é evidentemente sistemático na região e reflete um quadro mais amplo.

No dia 10 de junho de 2011 — ano de assassinato do cacique Guarani Kaiowá Nísio Gomes — foi deflagrada a Operação Tekohá, conduzida pela Polícia Federal com apoio da Força Nacional de Segurança Pública. Essa operação demarca um momento de virada na intensificação da militarização dos territórios indígenas e do entorno dos tekoha do MS. A operação, alegadamente contra o tráfico de drogas, serviu como um ensaio para manter as forças militares ativas para fins contra-insurgentes.

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